Fosse o
futebol profissional usado somente levar prazer e emoção às pessoas haveria, em
parte, uma boa justificativa para sua existência. É triste ver o futebol
profissional funcionando com mais um instrumento que contribui para o aumento da concentração de renda em nossa
sociedade, funcionando como uma arma do capitalismo para o aumento do
fosso que separa os ricos dos pobres.
É preciso
conhecer para crer (quase plagiando São Tomé!). Vocês sabem quanto a FIFA vai
lucrar com a realização da copa no Brasil? Vamos a outros questionamentos:
quanto fatura anualmente a CBF? Qual é o faturamento anual dos maiores clubes
de futebol do Brasil? E dos maiores clubes do mundo?
Nesse
diapasão a maior pergunta, na minha humilde opinião, seria: Quantos empregos
geram a famigerada CBF e os maiores clubes brasileiros?
Então podemos perguntar também: qual
é o ganho social que o futebol brasileiro fornece ao país?
Se você acha
que não tem nada a ver essa coisas, eu te pergunto: então para quê tanto
dinheiro envolvido nesse esporte? E para onde esse dinheiro vai? Meu amigo
(você que é fanático por time de futebol) o faturamento anual da FIFA em ano
sem copa do mundo chega a um bilhão e quatrocentos milhões de dólares, mais de
três bilhões de reais (a Copa do Brasil vai gerar algo em torno de quinze bilhões de reais para a FIFA - com trouxa trabalhando de voluntário e tudo o mais), e o faturamento anual da CBF (informação obtida em seu site
oficial) gira em torno de quatrocentos milhões de reais. Por outro lado o
faturamento anual dos vinte maiores clubes do Brasil passa dos três bilhões de
reais. É muita grana! Se fosse uma empresa o futebol brasileiro estaria entre
as setenta maiores empresas do país. Para termos uma melhor compreensão, o
Grupo M Dias Branco (o maior conglomerado empresarial do Ceará e presente em
todo Brasil), que tem faturamento semelhante, emprega mais de dezesseis mil
trabalhadores. Estimo que o futebol brasileiro, considerando as federações e os
vinte maiores times, não empregam dois mil trabalhadores.
A verdade é
que o futebol suga grandes somas de dinheiro da sociedade e objetivamente
oferece pouquíssimo ou nenhum retorno, visto que não há geração de empregos e muito menos
há aplicação de algum recurso em prol de algo que pelo menos vislumbre algum
interesse social.
A propósito,
tu sabes quantos empregos gera uma instituição como o Flamengo, ou mesmo o
Corinthians? Como não disponho de dados oficiais vou especular, com meus poucos
conhecimentos: digamos que o Flamengo tenha em sua folha quarenta jogadores
profissionais, mais trinta jogadores amadores, e mais médico, técnico, auxiliar
técnico, preparador físico, preparador de goleiros, massagista, roupeiro,
dentre outros profissionais, calculo que não chega a cem trabalhadores.
Então, para que serve uma instituição
que fatura trezentos milhões por ano e que não gera cem empregos? Ora meu
amigo, há numa equipe como o Flamengo pouco mais de vinte jogadores ganhando
uma fortuna, gerando uma aberração social, configurada em uma terrível
concentração de renda. Nós patrocinamos isso quando compramos ingressos,
camisas, ou mesmo quando assistimos jogos na TV. Ganha dinheiro jogadores,
cartolas, empresários, times, patrocinadores, redes de televisão, torcidas
organizadas (torcidas, sim! Não sabiam?), só quem nada ganha é a sociedade.
Que serventia tem para a sociedade o
dinheiro ganho por um indivíduo como o Neymar? Respondo que nenhuma! Estamos
reféns de um sistema do qual é praticamente impossível nos libertarmos, e isso, infelizmente, não ocorre somente com o futebol.
Percebam que há uma relação direta de
proporcionalidade: aumento da concentração de riqueza significa aumento de
pobreza. É uma lógica perversa, cruel, da qual somos eternamente prisioneiros.
Eles manipulam nossas emoções e desejos, pois lá, eles sabem, estão nossas fraquezas.
Os nossos desejos e emoções são
constantemente controlados pela turma que manda e comanda, pois lá, eles sabem
estão nossas fraquezas. E vamos vivendo como no filme “Matrix” iludidos com uma
vida moldada por uma realidade virtual, quando na verdade temos toda nossa
força e recursos sendo sugados para dar a verdadeira vida aos que nos exploram
até a exaustão.
A filosofia do sistema deve ser esta,
(ou estou enganado?): damos circo, prazer e alegria (às vezes tristeza
e grandes decepções), em troca recebemos dinheiro, muito dinheiro. O pão fica por
conta do Bolsa Família. E tome péia nas arquibancadas da vida por aí a fora.
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