Interessante
é percebermos que na prática esportiva sempre surgem indivíduos com uma
habilidade, uma facilidade incrível para fazer coisas que para a maioria é
tarefa quase impossível. É notável perceber como há crianças que parecem ter
praticado futebol já dentro da barriga da mãe, pois desde pequeninos mostram
uma habilidade fora de série com a bola. São os artistas natos, nasceram com a
arte nos pés e na mente. Exemplo mais recente: O craque Neymar.
Um detalhe
curioso me faz levar a conversa para outro campo. A antropologia dá indícios de
que em um determinado momento da trajetória humana na Terra os homens eram
todos iguais, e apresenta as sociedades primitivas como exemplo e prova. Mas
num belo dia, nos primórdios desta civilização, alguém despertou para o fato de
que poderia ser mais do que seu semelhante, e até mesmo usá-lo para realizar
tarefas e ter coisas somente para si. Alguns afirmam que tudo começou quando
alguém afirmou “isto é meu” e todos que estavam próximos acreditaram e
aceitaram. A situação foi denominada milhares de anos depois de Lei de Gerson
ou de Lei da Vantagem, que em resumo diz: leve vantagem em tudo – esse bordão,
na contramão da ética, tornou-se o símbolo mais significativo da nossa
sociedade.
E o que isso
tem a ver com o futebol? Você deve estar perguntando agora. Bem, o fato é que
nós humanos vivemos uma busca incessante por coisas que possam satisfazer
nossos desejos. Quem não se emociona ao ouvir uma bela canção, ao ver o pôr do
sol, ou ver um nosso semelhante fazer algo extraordinário que não conseguimos
fazer. Emoções semelhantes muitos sentem quando vêem um craque de futebol
desfilar sua arte diante dos olhos. O lado triste é que os mais espertos
perceberam isso e aproveitaram para levar vantagem e se encherem de dinheiro à
custa do amor de muitos pela arte do futebol (com outros esportes a batuta é a
mesma). Hoje posso afirmar sem temor que o esporte profissional de alto
rendimento (especialmente nos países do terceiro mundo) é mais uma fonte de
empobrecimento das camadas que se encontram em situação de maior fragilidade
social.
Certamente o
futebol gera muita riqueza, mas esta, infelizmente, não chega aos mais pobres.
0 Comentario "A CRIANÇA E O MONSTRO"
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