A CRIANÇA E O MONSTRO

          A importância do esporte para o homem tem sido destacada de forma unânime por todos os profissionais das mais diversas áreas, seja da saúde, da educação e outras. O esporte contribui para o desenvolvimento físico e mental das crianças (é uma obviedade ululante!). Além de contribuir com o físico, ajuda na formação da personalidade humana. Os médicos prescrevem: a prática esportiva deve ser uma constante por toda nossa vida, e ensinam que o sedentarismo mata.


            Interessante é percebermos que na prática esportiva sempre surgem indivíduos com uma habilidade, uma facilidade incrível para fazer coisas que para a maioria é tarefa quase impossível. É notável perceber como há crianças que parecem ter praticado futebol já dentro da barriga da mãe, pois desde pequeninos mostram uma habilidade fora de série com a bola. São os artistas natos, nasceram com a arte nos pés e na mente. Exemplo mais recente: O craque Neymar.

            Um detalhe curioso me faz levar a conversa para outro campo. A antropologia dá indícios de que em um determinado momento da trajetória humana na Terra os homens eram todos iguais, e apresenta as sociedades primitivas como exemplo e prova. Mas num belo dia, nos primórdios desta civilização, alguém despertou para o fato de que poderia ser mais do que seu semelhante, e até mesmo usá-lo para realizar tarefas e ter coisas somente para si. Alguns afirmam que tudo começou quando alguém afirmou “isto é meu” e todos que estavam próximos acreditaram e aceitaram. A situação foi denominada milhares de anos depois de Lei de Gerson ou de Lei da Vantagem, que em resumo diz: leve vantagem em tudo – esse bordão, na contramão da ética, tornou-se o símbolo mais significativo da nossa sociedade.

            E o que isso tem a ver com o futebol? Você deve estar perguntando agora. Bem, o fato é que nós humanos vivemos uma busca incessante por coisas que possam satisfazer nossos desejos. Quem não se emociona ao ouvir uma bela canção, ao ver o pôr do sol, ou ver um nosso semelhante fazer algo extraordinário que não conseguimos fazer. Emoções semelhantes muitos sentem quando vêem um craque de futebol desfilar sua arte diante dos olhos. O lado triste é que os mais espertos perceberam isso e aproveitaram para levar vantagem e se encherem de dinheiro à custa do amor de muitos pela arte do futebol (com outros esportes a batuta é a mesma). Hoje posso afirmar sem temor que o esporte profissional de alto rendimento (especialmente nos países do terceiro mundo) é mais uma fonte de empobrecimento das camadas que se encontram em situação de maior fragilidade social.

            Certamente o futebol gera muita riqueza, mas esta, infelizmente, não chega aos mais pobres.

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