Tenho plena convicção de que a
crítica aos políticos, a seus comportamentos e ações deve ser dura, incisiva,
mas ao tratarmos de assuntos que se revestem da maior seriedade e que envolvem
toda a comunidade não podemos ser irresponsáveis e fazer a crítica pela
crítica, de modo politiqueiro que possa beirar a mesquinharia sectária.
No próximo mês de agosto faremos sete
anos de trabalho dedicado a prestação de serviços, junto a empresas locais e
região, na área de assessoria contábil, fiscal, recursos humanos e de plano de
negócios. Nesse tempo podemos testemunhar a evolução do comércio de Camocim.
Podemos atestar, considerando o número de abertura de novos negócios, bem como
o crescimento do faturamento destes, que o comércio vinha em curva ascendente
até início do ano de 2013.
Sabemos que o País não atravessa um
bom momento em sua economia com alta dos índices inflacionários, baixo
crescimento econômico, queda das exportações, alta de juros, dentre outros
componentes da macroeconomia que impactam diretamente, de forma negativa, no
nosso cotidiano, isso sem falar nos números mascarados acerca do nível de
empregos, e suas relações com a população economicamente ativa.
A verdade é que a economia de Camocim
está parando. Falo isso com propriedade, aceito contestações, mas saibam que
tenho argumentos fortes para sustentar o que estou a afirmar. Já no início
desta semana fui comunicado por um empresário da cidade que nos revelou em tom
de desespero da sua intenção de vender seu negócio em função da queda absurda
em suas vendas, e que há vários meses trabalha no vermelho, e que não está
disposto a esperar para ver os resultados negativos comprometerem seu
patrimônio. Em tempo, este empresário, do ramo de produtos alimentícios, está
estabelecido em prédio próprio, trabalha com a família e tem baixo nível de
endividamento. A situação se torna temerária, porque não dizer gravíssima
quando comprovamos que este nosso cliente não é um “privilegiado solitário”. Um
escritório de assessoria contábil trabalha com empresas que desenvolvem os mais
diversos tipos de atividade econômica. Hoje, surpreendentemente, fui procurado
por mais dois empresários, estes, coincidentemente, do ramo de autopeças,
me fizeram a mesma revelação. Estes empresários sempre tiveram um bom estoque
de mercadorias, e, também, um baixo nível de endividamento, mas que estão
dispostos a venderem seus negócios, a se desfazerem de suas empresas, com
prédio próprio, bom nível de estoques, fundo de comércio e tudo o mais, para
evitar o pior, ou seja, chegar a um estado futuro de insolvência total. A queda
nas vendas do comércio é um indicador imediato de que a economia de Camocim não
vai bem. Desde o ano passado os empresários vêm reclamando da queda em seus
faturamentos, fato que testemunhamos mês após mês. No mês de maio e já agora no
mês de junho o número de dispensa de empregados formais foi o maior em doze
meses. A situação é apavorante, pois todos sabem que as empresas têm seus
custos fixos, e as vendas devem cobrir estes, alcançando tecnicamente o que se
chama de ponto de equilíbrio, e somente partir daí é que se vislumbram
resultados líquidos positivos.
Como afirmamos, não podemos ser
irresponsáveis ao tratar de assunto tão delicado, e culpar somente a Gestora
Municipal pela grave situação vivida pelos empresários camocinenses, mas é
fundamental que a Prefeitura Municipal de Camocim, através de seus agentes,
inicie rápido um diagnóstico sobre as quantas anda o comércio camocinense, e
não venham dizer que isso é um problema da economia brasileira que não
atravessa um bom momento, e, ainda, que todas as cidades estão atravessando a
mesma crise. Esses argumentos são inaceitáveis, pois todos nós temos que fazer
a nossa parte, cada município procure suas soluções. O primeiro fomentador da
economia é o poder público, e este tem que tomar as medidas necessárias e
urgentes que o problema requer.
E nessa batuta sugerimos que a
Prefeita dê o pontapé inicial para uma grande mobilização juntamente com toda
sociedade, principalmente com as organizações da sociedade civil ligadas ao
comércio (CDL, Associação Comercial, Associação dos Microempresários,
Sindicatos ligados ao comércio – comerciários e hoteleiros), envolvendo todas
as secretarias municipais ligadas à área (Desenvolvimento Sustentável, Turismo,
etc.), para um amplo debate para que sejam encontradas formas concretas,
objetivas, com ações e plano estratégico que venham a soerguer o comércio
local. O SEBRAE tem um potencial enorme para colaborar com essa iniciativa.
Como medida inicial sugiro que a Prefeitura
Municipal, através da sua Gestora, assuma o compromisso de mover ações
para que a grande maioria das compras públicas do Município de Camocim seja
feita em empresas estabelecidas em nossa cidade, pois sabemos ser grande a
sangria de recursos do município rumo a empresas estabelecidas em outras
cidades. Outro ponto fundamental é que os fornecedores sejam pagos
religiosamente no prazo acertado.
Bem, fica aqui a sugestão a todos, bem
como a recomendação aos agentes civis envolvidos (CDL, ACC, AMPEC, Sindicatos)
para que se mobilizem e acionem rapidamente a Gestora nesse sentido. Todos
sabem o quanto é difícil para o comércio ano eleitoral e o quanto essa turma
está preocupada com voto.
Finalizando, o problema esta aí, todos
reclamam e ninguém se mobiliza. A situação piora a cada dia. Como sou
pessimista em relação a boa vontade dos políticos, se é que esta existe neles,
acho que nada será feito. Então só restará atribuir a culpa maior a quem
de direito, ou seja, a Gestora Municipal e seu grupo, pela “quebradeira do
comércio camocinense”, e as entidades de classe a responsabilização subsidiária
por culpa de omissão se nada for feito. Um dia a fatura vai ser cobrada,
geralmente vem com juros e acréscimos legais.
Bom dia. Espero que esse comentário venha a ser publicado.
ResponderExcluirQuanto a matéria que o contabilista João Siebra assina, em quase sua totalidade ele tem razão.Só falha em um ponto simples: não se pode dar preferência a empresa alguma, seja ela sediada em Camocim ou qualquer outra cidade do país. A Lei das licitações, bem como a Constituição Federal (art. 37, inciso XXI) asseguram a igualdade de condições a todos os concorrentes. Portanto as empresas camocinenses não são mais iguais que nenhuma outra. Ao invés de creditar a crise somente a administração pública municipal faço um questionamento: todos seus clientes estão aptos a participar dos certames licitatórios de todas as esferas de governo presentes em Camocim? Eles se habilitariam para as exigências preconizadas nos artigos 27 a 31 da Lei n. 8.666/93? Melhor que reclamar uma solução do administrador público não seria preparar os empresários a vender para o setor público de Camocim? Afinal não me restrinjo a esfera Municipal. Temos aqui INSS, CREDE, Consórcio Regional de Saúde, Receita Federal, Fórum/TJ, TRE, enfim, diversos ramos da administração pública que compram sem dar preferência a nenhum lugar: basta que tenham preço. Fica a dica.