PIADA É OUVIR POLÍTICO FALAR DE COERÊNCIA

Em recente manifestação pública o Governador Cid disse que cabe ao povo do Ceará julgar, se são coerentes ou não, as críticas feitas pelo Senador Eunício Oliveira à sua gestão. É certo que o Senador tem que arranjar, rapidamente, um discurso convincente para “queixar” os eleitores cearenses. O PMDB cearense, com Eunício à frente, participou ativamente, por mais de sete anos, do governo Cid, além de ter indicado o vice para seu segundo mandato a frente do Estado, em composição partidária nas eleições de 2010. Em nova aliança política elegeu um membro, aliado do Senador, para Vice Prefeito de Fortaleza em 2012. Como tudo é possível no mundo da política, vem agora o Senador com um fraco argumento às portas da eleição. Se há críticas a serem dirigidas que seja ao Governador, a todos que participam e aos que participaram da sua cria, especialmente o PMDB cearense.

                Lembro, e não faz muito tempo, de ter ouvido o próprio Cid Gomes afirmar que o Ex-governador Tasso Jereissati, era o maior político cearense vivo. Tamanha deferência foi por terra quando Tasso alfinetou o Governo Cid com críticas a sua postura política. Fazendo jus a personalidade e ao “sangue Ferreira Gomes”, Cid disparou contra Tasso e fez um desafio  nestes termos: junte os 12 anos de Tasso no poder, multiplique por 2, o resultado não supera os primeiros sete anos do meu governo.

                Somente a história julgará de forma correta a importância dos dois governos (Tasso e Cid), mas não podemos deixar de reconhecer que o governo de Tasso (mesmo sendo um legítimo representante das elites) foi um divisor de águas na administração pública do Ceará. O governo de Cid Gomes, marcado por grandes realizações (só perde para o faraó do Egito), se perdeu quando permitiu o retorno de velhas práticas políticas que achávamos terem sido sepultadas, tipo: apadrinhamento de políticos aliados para diversos cargos públicos; volta da influência de antigas oligarquias ao cenário político do Estado; permissão do uso descarado e criminoso da máquina estatal em campanhas políticas, em favor de oligarquias aliadas que disputaram eleições municipais. É chover no molhado dizer que a Polícia Militar teve sua honra manchada pelo desejo incontrolável de poder dos velhos grupos ligados ao Governador, quando estes usaram a instituição para prender e atemorizar políticos integrantes de grupos rivais. O governo Tasso foi marcado pela supressão da influência das oligarquias junto ao governo estadual. Tal posicionamento permitiu que Tasso implementasse medidas administrativas que permitiram avanços na gestão pública. Pontuo que somente este fato põe o Governo Tasso à frente do Governo Cid (sei que a filosofia e a prática política dessa turma em nada diferem!), mas fica aqui o registro. Sem esquecer que os Ferreira Gomes são crias do próprio Tasso.

                Como coerência é algo inexistente no vocabulário das velhas raposas políticas, por aqui não poderia ser diferente. Completei minha arcada dentária vendo os “Veras e Coelhos” indo às vias de fato com os “Aguiás” na luta pelo poder aqui em Camocim.  E hoje quando vejo as velhas oligarquias todas unidas “em prol do desenvolvimento de Camocim”, me pergunto se errado estamos nós “reles mortais”, pois não entendemos que tudo vale à pena quando a ambição não é pequena. Sobrou para o Chico Vaulino que entrou na “Paz de Vestfália” sem fazer muita força! Afinal novas delimitações surgiram no vácuo deixado quando os “Fundo Mole” bateram em retirada, abandonando sua identidade política. 

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